quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Coluna Vertebral Na Gestação

A coluna vertebral é o suporte central do corpo. O centro de gravidade está situado na base da coluna, entre a região lombar e sacra e o abdômen. A coluna possui curvas naturais que formam um equilíbrio dinâmico em relação ao eixo central. Ela é formada por vértebras e discos intervertebrais, que são como amortecedores para absorver o impacto e evitar o desgaste das superfícies ósseas das vértebras. Eles protegem a coluna do efeito de compressão, gerados pela gravidade quando estamos em posição vertical.

O sacro é formado por 5 vértebras fusionadas e descreve uma curva côncava, promovendo uma base rígida, forte e estável. A lombar, também com 5 vértebras, delineia uma curva convexa, sendo flexível e ao mesmo tempo frágil. A coluna dorsal ou torácica, com 12 vértebras, tem uma curva côncava e oferece estabilidade. A cervical, com 7 vértebras, apresenta uma curva convexa, com vértebras mais leves que permitem movimentos mais amplos, sendo também flexível e frágil, como a região lombar. As partes móveis da coluna são as primeiras a sofrer com qualquer tipo de desequilíbrio. Há ainda a região do cóccix, que pode ser formada por 3 ou 4 vértebras fusionadas.

Vale lembrar que, a nível de energia sutil, sushumna, nosso principal canal energético, está localizado ao longo da coluna vertebral. Acompanhando a coluna vertebral encontram-se também cinco dos sete principais chakras, que são centros de força que acumulam e distribuem o prana, essa energia sutil ou força vital, para todo o corpo por meio de canais energéticos secundários. Os dois outros chakras principais estão situados na região do ‘terceiro olho’, entre as sobrancelhas, e no topo da cabeça. Por isso, a coluna é um grande eixo da prática de yoga, pois sabemos que, ao atuar sobre ela com os asanas (posturas) e pranayamas (respiração), além de um equilíbrio físico, podemos também alcançar um equilíbrio energético.

A maioria das dores nas costas costumam ser provocadas por problemas musculares, articulares ou nos discos intervertebrais, decorrentes de posturas e movimentos inadequados que realizamos no cotidiano.

A coluna vertebral necessita ser cuidada para não sofrer com os efeitos da gravidade, do sedentarismo e/ou da alteração do eixo ou centro de equilíbrio ocasionada pelo aumento de volume e peso no ventre, durante a gestação.


EFEITOS DA GESTAÇAO NAS CURVAS DA COLUNA VERTEBRAL

Durante a gestação, diante do crescimento do ventre e do aumento de peso nesta região, todas as curvas da coluna vertebral se modificam. Com o útero mais pesado, os ligamentos que o unem à coluna sacra são estirados e o sacro se movimenta, acentuando a curva lombar. Neste sentido, é importante buscar uma inclinação adequada da pélvis e encontrar um novo centro de equilíbrio.

A prática de yoga na gestação contribui para a ampliação da consciência corporal, e desta forma, para que o suporte do peso do útero aconteça de maneira saudável, evitando as dores nas costas e coluna. Além disso, o descanso na postura horizontal é fundamental, pois se reduz significativamente a carga sobre os discos intervertebrais, que então se empapam de fluidos, ricos em oxigênio e nutrientes, aumentando de tamanho e ganhando mais elasticidade. A coluna se alarga e gera mais espaço para as terminações nervosas que saem da medula espinhal.

A nível sutil, esta consciência corporal e o reequilíbrio do corpo físico contribuem para a liberação de energias que poderiam estar bloqueadas com a postura inadequada.

Uma curiosidade! O feto, no ventre materno, possui uma só curvatura côncava da coluna. A curvatura convexa da cervical irá se formar quando o bebê começar a levantar a sua cabecinha, após o nascimento e a curvatura lombar irá surgir quando o bebê começar a andar. A formação progressiva das curvas da coluna vertebral acontece até os 10 anos da criança aproximadamente.

Referências:
Balaskas, Janet. Yoga, embarazo y nacimiento. 3ª ed. Barcelona: Ed. Kairós, 2008.
Uria, Alex Monasterio. Columna Sana. Badalona: Editorial Paidotribo, 2008.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Yoga Mães e Bebês, a partir de 2 meses

Ao longo dos dois primeiros meses, o bebê cresceu, se fortaleceu e responde cada vez mais aos estímulos oferecidos por seu entorno. É o momento de aproveitar seu interesse pelo mundo que o rodeia e interagir com alegria e tranquilidade!

A prática de Yoga Mães e Bebês (YMB), a partir dos dois meses do bebê, já pode ser realizada em pequenos grupos, o que promove uma rica convivência e interação com outras mães e outros bebês.

O yoga representa harmonia entre o ser e o universo. Esta harmonia pode ser alcançada de inúmeras formas, dentre elas por meio de movimentos corporais que nos proporcionam um sentido de integração e união.

O yoga Mãe e Bebê propõe a estimulação dos sistemas corporais do bebê, fortalecendo a coluna vertebral (local onde se concentram e circulam energias sutis), desenvolvendo articulações flexíveis, tonificando músculos e contribuindo para um equilíbrio na atuação dos órgãos vitais. A estimulação física convida os sentidos, a mente e o psiquismo à participação. A ação amorosa materna, descontraindo tensões e liberando a circulação da energia vital, contribui para o desenvolvimento saudável físico, emocional, mental e espiritual do bebê.

Nesta proposta a interação entre a mãe e bebê é principalmente não verbal, aguçando a sensibilidade materna para a leitura de gestos, olhares, expressões faciais e corporais. É fundamental estar atento às reações do bebê, captando as mensagens e respondendo a elas, e, além disso, estar aberto à escuta do próprio guia interior, permitindo que a intuição revele a sabedoria que existe em cada ser.

Aprendizagens propostas à mãe:

 Desenvolver o autoconhecimento, o sentido da receptividade e aprofundar a comunicação com o bebê

 Trabalhar a respiração completa e consciente

 Atuar sobre o próprio corpo, a mente e emoções por meio do yoga

 Ampliar a consciência corporal, aperfeiçoando a postura e a maneira de sustentar o bebê, evitando assim tensões desnecessárias

 Conhecer e aplicar técnicas de massagem dedicadas ao bebê

 Aprender e oferecer ao bebê movimentos e posturas, baseados no yoga

 Vivenciar o sentido do relaxamento conjunto

Como acontece a prática de yoga com o bebê?

A mãe irá desfrutar, sempre que possível (porque vivenciar o YMB é respeitar a espontaneidade e necessidades do bebê!), de uma breve prática de yoga, tendo o bebê próximo de si. Os pranayamas (exercícios respiratórios) e ásanas (posturas), neste período de pós-parto, irão contribuir para que:

a nível físico a mulher recupere a tonicidade muscular, flexibilidade e vitalidade;

e a nível emocional ela (re)encontre seu equilíbrio interior.

Ao praticar yoga surge a oportunidade do olhar para si mesma, oferecer-se atenção e ampliar sua consciência. Ao integrar um novo estado de consciência, a mãe estará melhor preparada para oferecer qualidade ao bebê, seja em forma de gestos, movimentos ou expressões.

Na sequência da prática YMB, serão propostas posturas e movimentos nos quais o foco está na interação mãe e bebê. Por exemplo, a mãe, ampliando sua consciência postural, poderá aprender a carregar o bebê no colo de maneira relaxada, sem criar tensões desnecessárias que provocam dor, ou de maneira lúdica, mãe e filho irão divertir-se com os movimentos propostos.

Na prática de YMB, há também o espaço e o tempo dedicado especialmente ao bebê. A mãe oferece massagens, posturas yóguicas e movimentos ao filho/a. Isso inclui exercícios de equilíbrio que trabalham a confiança, alongamentos que abrem o peito e expandem a respiração, movimentos que alongam e tonificam músculos e abrem as articulações de quadril e ombros; massagens que estimulam a circulação sanguínea e das energias sutis, assim como os órgãos digestivos, aliviando possíveis cólicas ou prisão de ventre, entre outros.

Nada como finalizar a prática com um relaxamento conjunto, momento em que as energias dinamizadas ao longo da prática serão absorvidas!

Mãe, dedique um tempo a si mesma, seja praticando YMB ou realizando outra atividade que lhe agrade, e desfrute, com qualidade, desta rica fase que vive seu/sua filho/a, construindo uma sólida base na relação com o bebê, fundamentada no amor, no equilíbrio e na confiança!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Que tal praticar yoga com o bebê de 0 a 2 meses em casa?

Partindo das orientações básicas comentadas na última postagem, ofereço a você um passo a passo para construir uma prática de yoga com o bebê em casa!


Antes de tudo, quero dizer que as mães sempre possuem uma intuição especial, de maneira que, mais importante do que seguir as sugestões abaixo de forma rígida, é dar voz à sensibilidade e deixar fluir o momento de troca afetiva e comunicação profunda que pode se estabelecer entre mãe e bebê! Acima de tudo, desfrute desta experiência!

1. Encontre uma postura confortável, que pode ser sentada com as costas apoiadas, de maneira que a sua coluna esteja alinhada, o corpo descontraído e sem tensões. Mantenha o bebê próximo ou sobre suas pernas estendidas ou flexionadas.

2. Perceba o seu próprio corpo e as sensações que lhe chegam. Se não estiver confortável, modifique a sua postura até encontrar comodidade.

3. Conecte com a sua própria respiração e procure aprofundá-la, ampliando a expiração. Ao inspirar sinta o seu abdômen se expandir e ao expirar note como o mesmo se recolhe.

4. Posicione uma mão no seu coração e a outra no coração do bebê. Sinta as batidas do seu coração e depois observe as batidas do coraçãozinho do bebê, assim como o ritmo e profundidade de sua respiração.

5. Olhe nos olhos do bebê e convide-o, verbalmente ou não, a praticar yoga com você.

6. Ofereça ao bebê um toque “terra” (toda massagem deve começar e terminar com um toque “terra”, segundo o ayurveda): deixe as mãos em repouso sobre o corpo do bebê, realizando este gesto com amor e consciência. É fundamental que a mãe olhe o bebê nos olhos, afinal muito se pode comunicar por meio das expressões faciais.

7. Em seguida, deixe falar sua intuição e ofereça carícias suaves ao bebê, passando suas mãos por todo o seu corpinho e estando atenta às suas reações.

8. Com muita suavidade, estenda uma perninha do bebê em sua direção e, em seguida, posicione sua mão (se estiver aquecida) sob a planta do pé do bebê por alguns instantes. Aproveite este momento de comunicação não-verbal com o bebê! Repita o mesmo com a outra perninha.

9. Com muito delicadeza, estique um bracinho do bebê, deslizando suas mãos desde o ombro até o pulso. Com o seu polegar massageie suavemente a palma da mão do bebê, levando-o à ponta de cada um dos dedinhos. Faça o mesmo com o outro bracinho, mão e dedos.

10. Com as gemas de seus dedos, na forma de um carinho suave, desenhe um coração no rostinho do bebê, partindo do ponto entre as sobrancelhas, com ambas as mãos ao mesmo tempo, até chegar ao queixo. Repita algumas vezes se o bebê demonstra contentamento.

11. Realize um toque “terra” novamente, olhe nos olhinhos do bebê e agradeça por este momento especial que puderam viver juntos!

12. Se for oportuno, desfrutem os dois de um relaxamento conjunto. Você pode colocar uma música que lhe transmita paz ou simplesmente ouvir o silêncio ou a respiração, sua e do bebê.

Imagine que, se você optar por praticar yoga com o bebê coletivamente, a partir dos dois meses, poderá enriquecer-se com a troca de experiências com as outras mães, que formam o pequeno grupo de Yoga Mãe e Bebê!

sábado, 10 de abril de 2010

O bebê de 0 a 2 meses: Orientações para a prática de Yoga

Este é um período de adaptação! Os pais, ao colher o bebê, vivem novas rotinas em casa; o bebê experimenta um novo ‘estilo de vida’, fora do útero, com experiências e estímulos diversos dos que estava habituado.

A prática de yoga, neste período, deve ser feita no núcleo familiar e consiste principalmente em sentir, tocar e relacionar-se com o bebê, de forma atenciosa e amorosa.

O objetivo principal é construir uma relação de confiança entre pais e bebê, a nível psicológico, e a nível físico, levar o bebê à superação gradual da posição fetal, alongando a coluna com extrema suavidade, assim como as perninhas e bracinhos, o que promove a abertura, aos poucos, das articulações de quadril, ombros, joelhos e cotovelos.

Orientações básicas para a prática de yoga:

  • Deve-se buscar o momento adequado, ou seja, realizar a prática de yoga quando há oportunidade ou criar esta oportunidade de forma consistente.
  • O local deve ser confortável e, se for sempre o mesmo, o bebê começa a reconhecê-lo e vinculá-lo à esta experiência, o que o leva a uma sensação de continuidade.
  • É fundamental que o adulto esteja em um estado emocional apropriado, pelo menos inicialmente. Posteriormente, o yoga pode ser um caminho para entrar neste estado de bem-estar.
  • Não impor ou forçar a prática de yoga, nem realizá-la quando o bebê estiver doente.
  • A vivência do yoga pode incluir o pai e irmãozinhos, reunindo a família amorosamente em torno do novo membro que chegou!
  • A rotina do yoga para o bebê deve ser muito suave, não passando dos 10 minutos inicialmente, exceto os momentos de relaxamento, que podem durar quanto tempo o pequeno grupo ou mãe e filho/a quiserem. Aos poucos, conforme sinta o bebê a vontade a família pode ampliar o tempo de prática.
  • O bebê pode estar vestido. Se o ambiente estiver com uma temperatura agradavelmente aquecida, é importante deixar ao menos os pezinhos do bebê descalços.
  • Na primeira prática é importante que o bebê esteja sobre o corpo da mãe, preferencialmente sobre as pernas estendidas ou flexionadas. A mãe deve encostar suas costas em algum apoio para estar mais cômoda e com a coluna alinhada. O contato físico com a mãe vai transmitir confiança e o bebê se sentirá seguro.

Na próxima postagem vou partilhar com vocês um passo a passo para curtir este momento especial com o bebê!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Por que praticar Yoga com o bebê?

A prática do Yoga Mãe e Bebê beneficia ao mesmo tempo a mãe e o bebê!

A mãe encontra um espaço e um tempo que dedica a si mesma, na presença do bebê.
Ela terá a oportunidade de aliviar possíveis tensões provenientes do cotidiano, recuperar o tônus muscular e a flexibilidade e, ainda, fortalecer-se interiormente. Além dos benefícios da prática de yoga pessoal, ela desfrutará da riqueza do encontro com o bebê, ao proporcionar-lhe estímulos em forma de movimentos, massagens e da comunicação por gestos, expressões e olhares.

A mãe pode desenvolver a habilidade de lidar com o choro, diferenciá-lo, aguçando a sua sensibilidade, já que praticar yoga Mãe e Bebê envolve a comunicação verbal e não-verbal e torna a mãe mais receptiva às respostas e reações do/a filho/a.

O Yoga Mãe e Bebê é uma prática segura, imbuída de amor, em uma experiência onde cada um se centra também no outro! Através desta experiência, mãe e bebê conhecem-se melhor, aprimorando a comunicação mútua.

O desenvolvimento da sessão de yoga acontece em um ritmo que o bebê possa absorver e integrar e, acima de tudo, respeitando as suas necessidades. O movimento e o contato físico são uma rica estimulação a ser oferecida ao bebê. Por meio do yoga, cria-se uma base de bem-estar e promove-se um estado de satisfação.

Sabemos que bebês que recebem atenção e estímulos ganham peso mais facilmente, estão mais abertos ao contato com o mundo que os rodeia e tendem a possuir maior imunidade. Em geral são menos irritáveis, mais descontraídos e se assustam menos. A estimulação por meio do yoga beneficia o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, além de outros sistemas corporais: o respiratório, o circulatório, o digestório e o endócrino. A atividade física aliada à satisfação ajudam o bebê a dormir mais profundamente, a desenvolver um comportamento mais estável! O Yoga Mãe e Bebê atua também nos campos energéticos sutis de mãe e filho/a.

Nesta prática, que é distinta do yoga usual por acolher a espontaneidade do bebê, a mãe, ao oferecer os efeitos do seu toque ao bebê, atende também ao seu desejo de descobrir o bebê com as mãos!

É momento de estabilizar emoções, descontrair a mente e abrir o coração!!!

Referencias:
Freedman, F. B. Yoga para bebés: ejercicios suaves y divertidos para la relajación, la coordinación y la salud. Gaia Ediciones: Madrid, 2001.